Não siga o líder, supere-o

O primeiro filme Karatê kid foi um dos mais emocionantes que já assisti. Acredito ter visto umas 15 vezes, não menos que isso. Eu queria ser Daniel San, eu imitava o golpe final. Eu também desejava ter um líder, um MESTRE como o professor Miyagi, eu achava aquele lance de pegar moscas com Hashi o máximo.

A obediência cega de Daniel San funcionou na ficção, mas na vida real temos visto exemplos de atrocidades cometidas por líderes, que são respeitados e idolatrados ao extremo por uma horda de gente média com perfil de ovelha.

Mas eu pergunto: como é que você vai superar o líder se o máximo que você consegue é copiá-lo? Miyagi iludiu-me. Eu não quero mais segui-lo para sempre, eu quero superá-lo. Sorry Daniel San.

A admiração inquebrantável ao líder podem esconder o óbvio.

Miyagis têm defeitos, debilidades que ficam encobertas pelo seu olhar CEGO. Isso impede que você encontre oportunidades que o diferenciem e o façam melhor do que ele.

SENNA, depois de sua morte trágica, ganhou status de MITO. Um piloto insuperável. Nenhum piloto brasileiro quer ultrapassá-lo, ninguém tem essa ambição. Ele cristalizou-se no topo e as pessoas passaram a admirá-lo profundamente, desafiar seus recordes seria considerado uma traição nacional.

Eu gosto do Michael Schumacher, ele não está nem ai para Airton Senna. Ele é heptacampeão Mundial, e na Alemanha ele é MITO, quer dizer , quase, o jovem piloto VETEL, atual campeão, também não respeitou muito seu trono e partiu pra cima. É O MELHOR em atividade e pode superá-lo em breve.

Eu gosto do Cristiano Ronaldo, o craque do Real Madrid foi provocado pelo então líder e grande ídolo da seleção portuguesa, o inesquecível EUSÉBIO, que ao saber que tinha sido ultrapassado em número de gols na seleção, ficou chateado com comparações e vociferou: “eu nunca joguei contra times pequenos, é fácil fazer gols neles”.

Apesar de demonstrar admiração ao ex-jogador, que criticou os adversários enfrentados por CR7 no futebol atual, o craque do Real Madri e da Seleção encerrou a conversa assim: “recordes existem para serem quebrados”.

O que essas pessoas têm em comum? Elas questionam o líder. Óbvio que admiram o talento, as conquistas, os métodos, mas essas pessoas tomaram a decisão de parar de segui-los e começaram a traçar as metas e estratégias para superá-los, eles quiseram fazer algo diferente, pois copiando-os no máximo chegariam ao mesmo nível.

Eu desafiei meu MIYAGI.

Eu desafiei meu professor de Judô. Eu era um pivete. Ele me derrubou 13 vezes. Eu não descansei, eu treinei forte, eu fiz o meu melhor, eu observei que ele era rápido com a direita e que sempre me derrubava com o mesmo golpe. Por incrível que pareça, achei ali seu ponto fraco.

Meses depois desafiei-o novamente. Os outros alunos riram de mim, fui chamando de louco, besta, estúpido. Meu professor, admirado e respeitado por todos, foi gentil comigo e avisou: tudo bem Fabrício, vamos lutar, mas será um treino de “queda”.

Começamos a lutar, como sempre tentei os primeiros golpes de forma afobada, mas sem êxito. Ele se defendia bem e sempre o contra golpe era certeiro. Levei três quedas em menos de 2 minutos. Os alunos continuavam tirando onda, falando que depois da luta gostariam de aulas de como eles deveriam “cair”.

Após a última queda eu levantei como se estivesse morto, totalmente acabado e meu líder interpelou: ainda quer mais? Eu retruquei: professor, só mais um pouco, prometo que na próxima queda eu desisto. Meus tímpanos tocaram a Rocky IV – Eye Of Tiger.

Meu líder olhou pra mim e com aquele sorriso no canto da boca fez que sim com a cabeça. A luta recomeçou e ele fez o de sempre: procurou meu pé esquerdo que sempre estava de vacilo. Ele não demorou, fez o óbvio: fintou e tentou aplicar a rasteira no pé vacilante… NÃO amigos, eu não caí, dessa vez foi diferente.

Lembrei de Bruce Willis em DURO DE MATAR 4, quando ele falou: ”todos vamos morrer um dia garoto, mas esse dia NÃO SERÁ HOJE”.

Na verdade, naquele dia, o pé esquerdo de ”vacilo” era minha isca e quando meu professor passou a rasteira – eu levantei de forma rápida o tal pé vacilante e com o mesmo pé apliquei o contragolpe. Miyagi estava no chão, quer dizer, meu professor de Judô estava no chão.

“O adversário é um parceiro necessário ao progresso, a vida da humanidade baseia-se nesse princípio “. – Jigoro Kano, fundador do Judô.

Eu não comemorei, eu não sorri, eu não debochei. Eu admirava meu professor, mas naquele dia eu ousei desrespeitá-lo.

Eu fiz todos repensarem que seguir é uma opção e não a única saída. Recomendo que aprenda com o líder, admire-o e depois passe por cima como um rolo compressor.

Claro que meu líder levantou da queda sorrindo, deu de ombros e tentou diminuir o GRANDE feito. Ele me chamou novamente para lutar, e adivinhem o que eu fiz? RECUSEI, claro.

E você, ainda vai assistir Karatê KID? 🙂

 


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